Carnaval 2022 em Vitória : desfile Pega no Samba no Grupo de Acesso A

Desfile Pega no Samba no Carnaval de Vitória – carnavalnobrasil.com.br
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Carnaval no Brasil

Carnaval 2022 em Vitória : desfile Pega no Samba no Grupo de Acesso A

Partindo da perspectiva de uma artesã, uma mulher negra, que ao construir a boneca Abayomi faz uma analogia às suas raízes, a Pega no Samba ( azul, vermelho e branco ) de Consolação mostrou no Sambão do Povo no desfile de Grupo de Acesso A no Carnaval de Vitória 2022.

A Pega no Samba, após 23 anos (em 1999, o enredo foi “150 Anos da Insurreição de Queimados”), voltou a fazer um enredo afro, “Abayomi”, uma boneca feita sem cola e sem costura, feita com nós e retalhos, criada pela artesã brasileira Lena Martins.

Negras, coloridas, delicadas e artesanais, as Abayomis deixaram de ser tradicionais bonecas e ganharam vida e movimento no Sambão do Povo por volta das 4h28 da madrugada de sábado (09.04.22).

“Nosso maior objetivo foi falar sobre ancestralidade, resistência e trazer um olhar de futuro para que as novas gerações se identifiquem com a comunidade negra”, afirmou o carnavalesco Victor Faria.

Ao todo, 1.000 componentes, distribuídos em 14 alas, apresentaram-se com a tarefa de desmistificar a origem da boneca negra.

Feita sem cortes nem costura, apenas com seis nós de tecido, a Abayomi foi criada originalmente nos anos 80 nas comunidades do Rio de Janeiro, diferente do que contam histórias não oficiais de que elas teriam sido feitas pela primeira vez por mães em navios negreiros para que as crianças pudessem brincar.

Na voz marcante do intérprete Danilo Cezar, o samba pegou e o público no sambódromo cantou junto com a escola, cadenciada pela tradicional “Locomotiva da Consolação”, a bateria do Pega, sob a batuta dos mestres Alcino Junior e Jorge Borges, com a rainha Eduarda Lima estreando na agremiação, além da madrinha Horrana Loureiro.

A escola trouxe no primeiro setor a ancestralidade e a resistência. Apresentando a agremiação, coreografada por Jadson Lucas, a Comissão de Frente pediu passagem com um ritual de encontro entre passado, presente e futuro através da dança em uma apresentação que misturava influências negras diversas.

Com o uso das cores, estampas, retalhos, nós, formas essas que são as matérias-primas para a criação da boneca, a comissão iniciou o fio condutor do enredo.

Com a missão de apresentar “A chama dos saberes ancestrais”, o mestre-sala Davidson Oliveira e a porta-bandeira Graziele Ferreira se apresentaram para os julgadores com a missão de conseguir as notas 10 para a escola.

Consideradas as guardiãs das escolas de samba, a ala das baianas rodopiou logo atrás do pavilhão. Vestidas de “Iyá-Agbá, a força feminina”, as “mães” desfilaram como as anciãs africanas, protetoras, acolhedoras e guerreiras.

O abre-alas “Retalhos de África” veio dividido em duas partes: primeiro, a as riquezas culturais, visuais e intelectuais de uma África ancestral, fazendo uso de cores vibrantes, texturas e simbologias. E, na segunda metade, uma representação dos tumbeiros, os navios em que eram transportados os negros capturados como escravos.

A “travessia dos tumbeiros”, aliás, foi apresentada pela ala coreografada da escola, à frente da bateria.

Encarnando o “Axé, energia vital”, a rainha Eduarda Lima conduziu os ritmistas da Locomotiva ao lado da madrinha Horrana Loureiro, o “Toque ancestral”. Com bossas afros muito bem executadas, a bateria veio representando “Tambores: o pulsar da resistência”, inspirados no escritor moçambicano Mia Couto. Ele deixou registrado em sua obra que “a música é a língua materna de Deus”.

Proibidos de trazerem instrumentos na época da escravidão os tambores eram construídos aqui no Brasil. Nas senzalas eram os tambores que anunciavam que a África iria resistir.

“Axé é energia boa, é ritmo, é fazer fluir, transbordar luz. É a força vital que trazemos conosco para realizar algo na nossa vida”, declarou emocionada a rainha que abriu passagem para 130 componentes da locomotiva.

Os passistas entraram na avenida para lembrar a todos que “Em África, os deuses dançam”. O recuo da bateria foi executado com tranquilidade, sem problemas na evolução da escola.

No segundo setor, “Identidade e reconhecimento”, a escola aborda a história da artesã maranhense Lena Martins, em seu percurso de vida até chegar à confecção das Abayomi.

Duas alas do setor entraram na avenida do Samba com os temas “Punhos Cerrados” e “Lena Martins” e clamaram: “Abaixo ao racismo”. Em referência à década de 80 a ala seis destacou o momento em que Lena Martins, criadora oficial das Abayomis se reconhece como mulher negra e passa então a se preocupar em mudar o mundo e reforçar os nós da representatividade. Já na ala sete Lena, que é nascida no Maranhão teve a sua cultura retratada até o momento em que parte para o Rio de Janeiro.

Racismo não
Em seguida, no terceiro setor, “Representatividade e orgulho de ser quem sou”, o Pega no Samba exaltou referências da cultura diversa da negritude, demarcando que a cultura dos povos negros não é, e não deve ser, a história da escravidão.

Esse setor veio trazendo a segunda alegoria da escola, “Educar para transformar”, destacando a importância da educação como meio de inclusão e transformação para os negros e, sobretudo, de combate ao racismo.

Punhos cerrados, símbolo da resistência, livros, canudos de formatura trouxeram a reflexão sobre a importância da educação como meio de inclusão e transformação. Na frente da alegoria uma referência a lei 10.639/03 que celebra a importância de uma educação infantil antirracista.

Na parte frontal do carro, estudantes com as estrelas da noite: as bonecas abayomis, que também surgiram dentro de caixas para o êxtase dos foliões, que esperavam ansiosamente para vê-las.

Fechando o desfile da escola, a Velha Guarda vem trajada de “Griôs”, anciãos e anciãs africanos, guardiões da memória, os mestres que na África ancestral tinham os conhecimentos de saberes e fazeres da cultura, transmitidos oralmente para as suas comunidades.

A festa das bonecas pretas encerrou por volta das 5h25.

Fotos desfile Pega no Samba no Carnaval 2022 em Vitória

Desfile Pega no Samba no Carnaval de Vitória – carnavalnobrasil.com.br
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Fonte : Prefeitura de Vitória | Fotos SEGOV Comunicação

Publicação com apoio dos sites Réveillon no Brasil e Temporada Verão

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