Vitória Carnaval 2023 : Unidos de Barreiros cantou a África mística e exaltou a negritude no Sambão Povo

Desfile Unidos de Barreiros no Sambão do Povo no Carnaval 2023 de Vitória

Carnaval no Brasil

Vitória Carnaval 2023 : Unidos de Barreiros cantou a África mística e exaltou a negritude no Sambão Povo

Desfile das Escolas de Samba no Carnaval 2023 de Vitória : fechando a primeiro noite de desfiles, já no início da manhã de sábado (11/02/23), a Unidos de Barreiros apresentou o enredo “Sou negro, sou raça, sou Brasil. Eis as histórias de nossos ancestrais (os filhos de afra!)”.

Desfile Unidos de Barreiros no Sambão do Povo  no Carnaval 2023 de Vitória
Desfile Unidos de Barreiros no Sambão do Povo no Carnaval 2023 de Vitória

Desfile Unidos de Barreiros no Sambão do Povo no Carnaval 2023 de Vitória

Levar a ancestralidade para o Sambão do Povo. Essa foi a missão da Unidos de Barreiros em seu desfile no Carnaval de Vitória 2023, encerrando as escolas do Grupo de Acesso A, já na manhã de sábado (11/2/23). Com o enredo “Sou Negro, Sou Raça, Sou Brasil! Eis A História de Nossos Ancestrais, os Filhos de Afra”, do carnavalesco Nelson Costa, a vermelho e branco de São Cristóvão passou alegre e cantando seu samba.

Uma África mística, descendente de Afra, passou na passarela do samba com suas histórias e mitologias carnavalizadas no enredo da Barreiros. A escola escolheu mostrar um contexto diferente das histórias africanas contadas desde o início dos desfiles carnavalescos, em tantos enredos de várias escolas de samba. Para ajudar nessa tarefa, a inspiração veio das religiões afro-brasileiras: o candomblé e a umbanda.

Estreando na agremiação, a musa Fabiana Vergulino encarnou Cleópatra, a rainha do Egito, na avenida. “Eu sou serrana, mas vim a convite da escola. É a minha primeira vez com a comunidade, que me recebeu muito bem. A nossa expectativa é estar entre as melhores”, disse.

A história de Afra foi contada com foco na ancestralidade. A comissão de frente, “O senhor da razão e da história”, buscou retratar essa odisseia afro com muitos movimentos de dança. O trabalho é do coreógrafo Ricardo Carvalho.

Uma das mais antigas civilizações do continente, o Egito antigo, inspirou a fantasia do primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, Carlos Caetano e Bárbara Verçosa, que bailaram defendendo o pavilhão da escola como rei e rainha do Egito.

O povo que construiu as grandes pirâmides que ainda hoje intrigam a humanidade foi retratado no abre-alas da escola, “Sementes da eternidade do ritual fúnebre do Antigo Egito, a luz a brilhar no paraíso da eternidade”.

Até a chegada de uma nova cultura, os filhos de Afra, imperiais africanos, seguiram sua dança e cortejo pelo Sambão. As baianas representavam o berço da africanidade. Figuras como anjos caídos, Dadá Ajaká, irmão de Xangô, e peças de Guiné foram acrescentando elementos ao enredo da escola.

O segundo casal de mestre-sala e porta-bandeira, Marcio Valério e Claudia Tavares marcaram o início do novo ciclo.

No último setor da escola, a Unidos de Barreiros levou quase um cortejo afro para a passarela do samba, com Ifá, Yaôs, e Maracatu. O casal real à frente da bateria, formado por Taty Anna Neves e o japonês Yoji Leão, representava a rainha e o rei do afoxé. Os ritmistas de mestre Igor Nonato passaram com uma batida forte e pulsante, com direito a bossas de inspiração afro e misturas de sons que ajudaram a compor o enredo.

Os passistas se destacaram como búzios esquentando o desfile e entregando muito samba no pé. Encerrando o desfile, a segunda alegoria “A religiosidade, fé em Afra”, representou elementos diversos das religiões de matrizes afro-brasileiras.

Desfile Unidos de Barreiros no Sambão do Povo  no Carnaval 2023 de Vitória
Desfile Unidos de Barreiros no Sambão do Povo no Carnaval 2023 de Vitória

Samba-enredo da Unidos de Barreiros no Carnaval 2023 em Vitória

Samba-enredo “Sou negro, sou raça, sou Brasil. Eis as histórias de nossos ancestrais (os filhos de afra!)”

Sou afro, sou raiz… comunidade
Aqui tem “semba” no pé, herança
Pulsante na veia o sangue vermelho
Meu orgulho é Barreiros

Envolta em espuma, oh, liberdade!
Fecunda do solo a criação
O azul-violeta reluz em tom de nobreza
Gigante civilização
Anjos forjados na dor
Deixam medrar cicatrizes
A noite cai e estampa a pele negra
Resnasce o amor em meio a tristeza
Bradam os filhos da esperança rumo a paz
Guiados pela devoção, clareia
Clareia, clareia

Afra, patrono da raça
A luz do guerreiro, menino nagô
Fez da sua luta religião
Eternizada pela voz do coração

É Zimbo e Cauri, peço aos orixás
Destino traçado à beira do mar
Da União de Orúm e Ayê
Ecoam os tambores no Ilê
Partiram tumbeiros desbravando o mundo
Ví a negritude erguer nosso futuro
Riqueza de origem ancestral
Floresce colorindo a imensidão
África, de corpo e alma só gratidão


Fonte e fotos : prefeitura de Vitória